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Conclusão

           A pesquisa da teologia bíblica revelou que a doutrina da expiação, tal como apresentada nas Escrituras, tem um imenso potencial libertador. No decorrer da história, alguns grupos cristãos passaram a se utilizar desta e de outras doutrinas de potencial libertador de forma ilegítima, visando a promoção da dominação, da opressão e da exploração.

           Contra a alienação, e na busca de uma libertação integral, a Teologia da Libertação procurou alcançar uma práxis verdadeiramente libertadora. No entanto, esta teologia ainda não alcançou este objetivo por completo. Para que isto aconteça, é necessário haver um diálogo entre a Teologia da Libertação e outros ramos da teologia, incluindo as demais teologias de libertação e a Teologia Reformada.

           Neste sentido, a doutrina da expiação merece uma atenção especial, pois tem sido subestimada pela Teologia da Libertação, ou até mesmo considerada por alguns de seus representantes como uma doutrina promotora de mais alienação. Por estas razões, o diálogo com a Teologia Reformada tem grandes contribuições a oferecer à Teologia da Libertação. Por outro lado, também a Teologia Reformada tem muito a ganhar com este diálogo, pois a orientação da Teologia da Libertação, orientada para a práxis histórica de libertação, pode ajudá-la a superar uma certa tendência à reflexão que muitas vezes não se traduz em uma atitude concreta.

           A doutrina da expiação, tal como apresentada, é uma doutrina que promove libertação integral, pois diz respeito à reconciliação do ser humano consigo mesmo, com seu próximo, com a criação e com o próprio Deus, que é quem toma a iniciativa de buscar esta reconciliação. Neste sentido, esta doutrina convida a todos os discípulos de Cristo a levarem a sério as implicações éticas da obra salvífica de Cristo, a partir tanto da reflexão quanto de uma práxis orientada para a glória de Deus, por meio da reconciliação de tudo e de todos com o Deus triúno.